Quem já teve a oportunidade de ler algum dos textos que eu vou
escrevendo, porventura já terá reparado que algumas vezes costumo afirmar que
na mais simples coisa se pode encontrar a presença da Arte Real.
Naturalmente
que só vislumbramos algo se o conhecermos, bem como reciprocamente, que
só poderemos encontrar aquilo que efectivamente procuramos.
Aliás,
existe até mesmo um silogismo religioso e iniciático que diz que “quem
procura, encontra”.
E eu
acrescento que pode mesmo encontrar!
Pode é
nem sempre ser tão lesto como se poderia desejar, mas com trabalho, empenho,
paciência e muita perseverança, tal poderá ser concebível.
Mas por
vezes é possível encontrarmos algo mesmo que não estejamos à procura de alguma
coisa e essa descoberta, algumas vezes fascinante, é algo que nos pode motivar
e impelir para ir mais além, demonstrando de certa maneira, que o caminho que
escolhemos tomar é o que melhor se nos aplica.
Por
isso, não são raras as vezes que encontro a presença da minha(/nossa)arte,
em coisas tão simples como em frases ditas por alguém que nem sempre está
identificado com os princípios de vida que observo, ou em canções ou músicas
que nem sempre são aquelas intemporais ou mais comerciais que é usual
conhecermos ou outras que poderíamos relacionar com algo
mais místico ou metafísico até, ou inclusive até mesmo em simples
construções onde a presença da Maçonaria poderia ser assumidamente dada como
inexistente.
Quando
encontro algo que relaciono directa ou indirectamente com a Arte Real é porque
detenho um conhecimento que me permite reconhecer essa presença, ou pelo menos,
a supor.
Mas
tudo isto, apenas pode ser feito através da minha perspectiva, da minha visão,
dos meus princípios morais e da minha experiência de vida. É a perspectiva que
tenho sobre tal, que me permite esse facto.
Pois as
mesmas coisas, os mesmos objectos, as mesmas músicas, poderão na perspectiva
de outrem, pouco ou nada ter a ver com a opinião que tenho sobre
essas mesmas coisas. Tudo na vida depende da nossa perspectiva e da nossa
opinião e é a nossa perspectiva que tudo define.
Aquilo
que eu vejo e sinto, podem outros também o ver e sentir, tal como outros
poderão nunca o fazer…
Mas
aquilo que eu vejo, sinto, saboreio ou toco, apenas poderá acrescentar mais
valias à minha vida se eu tiver a noção disso mesmo, caso contrário
apenas serão meras sensações que sentirei e que pouco ou nada me trarão de novo
ou de positivo para o que eu espero da vida.
Todavia,
enquanto eu olho para algo através da vista de alguém reconhecido como maçom,
um estudante de Teosofia, um Rosa-Cruz, um membro de outra via iniciática
qualquer ou que tenha alguma perspectiva espiritual diferente
da minha, encontrará outras coisas que não me serão possíveis encontrar.
Primeiro,
porque não as procuro, mas principalmente porque não as conheço. E sem as
conhecer, nunca me será possível as reconhecer…
Todavia,
alguém não iniciado nestas “andanças”, também não o conseguirá
fazer porque não as conhece, e também porque sem as conhecer,
também não as poderá identificar.
O que
poderá fazer no entanto, é tentar perceber o que é aquilo que
observa, e quanto muito, se auxiliado correctamente, é apreender, através
da boca de quem lhe vai debitando noções ou percepções daquilo
que estará à sua frente.
O que é
sempre diferente de reconhecermos algo e aquilo que nos dizem que será ou que
poderá ser na realidade…
-
Existem sensações que são necessárias vivê-las, experimentá-las,
para se saber verdadeiramente o que são… As nossas experiências, as
nossas vivências são determinantes na nossa vida, pois elas são responsáveis
por aquilo que somos, por aquilo que pensamos e por aquilo que fazemos…-
Quantas
vezes não estivemos nós em excursões ou em visitas a museus, castelos, igrejas,
espaços culturais, etc, onde fomos guiados por alguém?
E em
ocasiões em que tal era a primeira ou a segunda vez que visitávamos esses
locais?
E que à
medida em que íamos ouvindo o nosso guia, íamos adquirindo novas percepções
sobre o que estávamos a ver?
Ou em
visitas posteriores aos mesmos lugares, em que observávamos já com olhos
diferentes aquilo que estávamos a contemplar, fruto dos conhecimentos
que fomos ganhando entretanto?!
A nossa
opinião bem como a nossa perspectiva sobre algo é mutável, evolui.
Já
alguém dizia que só “os ignorantes não mudam de opinião” e quem não muda, não
consegue progredir. E sem progredir, o Homem estagna, definha…
Por
isso é tão importante a perspectiva que temos das coisas e quanto menos ambígua
for essa perspectiva mais depressa poderemos definir aquilo que encontramos ou
aquilo que observamos como sendo (o) verdadeiro e/ou o mais correto.
E a
nossa experiência de vida, o nosso empirismo, terá
um papel fulcral no auxílio de validar aquilo que se nos é apresentado
pela vida.
Através
da nossa experiência é nos possível adquirir uma visão das
coisas, que sem ela, não nos seria possível obter.
Não
basta se olhar alguma coisa simplesmente olhando, há que se olhar
com olhos de quem quer ver…
E isso
é o mais importante, porque só agindo assim poderemos alcançar o conhecimento,
actuando de forma deliberada e tendo a noção do que (o) estamos a fazer .
-A nossa
perspectiva será sempre a “nossa”. Outros terão as “deles”.-
Devido
a diferentes experiências de vida, diferenças culturais, sociais, económicas e
educacionais, existem várias formas de se olhar e analisar a mesma coisa.
Tanto
que na maioria das vezes, temos como opinião que, se as perspectivas dos
outros forem semelhantes à nossa, facilitam-nos o nosso inter-relacionamento
humano, e que se forem contrárias ou divergentes às perspectivas que
temos, possibilitam-nos outras novas aprendizagens e também a comunhão e
partilha de diferentes pontos de vista, originando o debate dessas
diferentes ideias. Sendo isto, algo que considero também como bastante
necessário para o progresso humano.
E é
para o progresso do ser humano que os maçons trabalham! Seja através da sua
acção no mundo profano, seja através do seu trabalho nas suas lojas maçónicas…
Por
tudo isto, dependendo apenas da perspectiva que se poderá ter acerca de algo,
foi-me possibilitado fazer esta reflexão que convosco partilhei.
Foi
apenas a minha perspectiva que enunciei e nada mais!
Se
correta, se errada, apenas outrem a
poderá sufragar e dar-lhe o valor que considerar que ela valha.
Quanto
a mim e para aquilo que pretendo da vida, por enquanto, vai servindo
perfeitamente…
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