segunda-feira, 30 de maio de 2011

"Prancha de Traçar"

Uma Prancha de Traçar”, ou “Prancha Traçada” como também é costume se designar, pois é o resultado final que é avaliado, não é mais do que um trabalho efetuado por um maçom. Independentemente do material do qual é elaborado ou tema abordado, ela é sempre de extrema relevância no processo de aprendizagem e formação do maçom bem como no seu trajeto pelos vários graus do rito que pratique.

  O facto de se designarem por Pranchas de Traçar, os trabalhos apresentados em Loja e executados por Maçons, é originário da Maçonaria Operativa, a maçonaria dos artífices pedreiros da época da Idade Média.

Era nas suas pranchas que eles desenhavam as plantas dos imóveis, criavam os seus projetos de construção e montavam a maqueta da construção a realizar. Algo que nos dias de hoje, é efetuado pela classe dos arquitetos (provindo dessa classe outra designação pela qual também é conhecida a prancha de traçar, a “Peça de Arquitetura”).

 É através da execução de pranchas que o maçom toma um maior contato com a vasta simbologia maçónica e a interpreta à sua própria maneira. Ele nas suas pranchas, emprega o seu cunho pessoal e a sua noção sobre os vários assuntos ou temas maçónicos em análise.

Qualquer assunto é passível de ser traçado numa prancha, devendo apenas o mesmo ser executado através de um método de estudo e pesquisa sobre o tema, de forma a completar ou inovar o que já existe sobre a matéria em análise, ou se possível, criar algo novo que ainda não exista comentado ou feito, nomeadamente no caso de pranchas em que a pintura ou a música são a temática central.

  Todas as pranchas são passíveis de serem comentadas, apesar de ser costumeiro se afirmar que “prancha de Mestre não se comenta”, as críticas e comentários existem à mesma, nem que seja para assertivar ou elogiar o Irmão que a executou para além do tema que serviu de base à construção da prancha. Já em relação às pranchas dos Aprendizes e Companheiros, essas recebem as críticas necessárias à formação dos mesmos, na medida em que tal seja necessário.

  E tal como a construção mais simples é fruto de uma intensa pesquisa e enorme trabalho no seu desenvolvimento, também as pranchas dos pedreiros, agora “livres”, são executadas com o mesmo sentido de responsabilidade e labor. Sendo que a prancha a realizar, independentemente do seu tema, dever acima de tudo conter as três grandes qualidades maçónicas, “Força, Sabedoria e Beleza”.

“Força”, porque deve ser forte o suficiente para ficar impregnada na alma do maçom; “Sabedoria”, porque uma prancha deve conter informação relevante que ensine os demais; e “Beleza”, porque neste mundo nada pode ser forte e sapiente, se não encerrar em si algo de belo.

  Agora se esta prancha que eu “tracei” engloba as qualidades maçónicas, só os leitores o poderão afirmar… 
Disse.

segunda-feira, 23 de maio de 2011

O "Segredo Maçónico"...

  Muito se fala e especula sobre o segredo maçónico. O que é, o que será e o que representa.
Ele não é mais que uma conduta de Vida. E como tal não tem nada de segredo ou escondido.
  O tal segredo, como se costuma designar, é a forma de como o Maçom vive a sua vida. A forma como respeita, tolera, ama e se solidariza com o seu próximo, é que é a parte prática do segredo; pois a parte teórica está ao alcance de qualquer Homem se assim o pretender conhecer. São as boas normas de conduta moral e social que guiam o Maçom no seu dia-a-dia. E isso não tem nada de segredo, basta os curiosos atentarem na forma de estar e viver dos Maçons para perceberem afinal de que de segredo não há nada. O único segredo é de que tudo está à vista de todos, e tal como o ditado, “quanto mais à vista, menos se vê”, assim está o segredo maçónico. Tudo o resto, com trabalho, empenho e estudo é fácil de se descobrir
  A vasta literatura maçónica que encontramos ora seja em livrarias especializadas ou na internet, nem sempre é fidedigna; pois a sua maioria é escrita por profanos, que por sua vez, também eles, têm um contato muito superficial e limitado com os mistérios da Ordem; advindo dessa restrição, a impossibilidade de providenciarem informação correta e fatual.
Uma grande parte dos rituais, palavras de passe e sinais que “pululam” por esse mundo fora, podem inclusivé não serem verdadeiros, ou o sendo, estarem desatualizados face aos dias de hoje. Causando dessa forma, enorme confusão aos detratores da Maçonaria, sobre quais afinal serão os seus segredos e mistérios.
  Apesar do core secret ser a “conduta do maçom”, tal como já afirmei, existem também “segredos” (ou neste caso concreto, informações) que devem ser conservados apenas entre Maçons.
E são para ser conservados tais segredos, porque fazem parte de um comprometimento pessoal em os honrar; e um maçom como pessoa honrada que deve ser, assim o deve escrupulosamente cumprir.
Os tais segredos que a maioria dos curiosos quer saber, mas que lhes estão vetados ao conhecimento (e passo a explicar o porquê) são:
Ø  Não revelar a condição de um Irmão maçom a profanos, porque dessa revelação poderão advir sérios prejuízos ao Irmão em causa, fruto da ignorância e malvadez de gente mal informada sobre o que trata a Ordem Maçónica.

Ø  Não revelar os rituais maçónicos e/ou cerimónias onde os mesmos são executados. Porque o seu conhecimento e execução poderão não ser compreendidos por quem receber essas informações, bem como, se os recipiendários, não sendo maçons, nada fariam de interessante ou fenomenal com essas informações.
Mas fundamentalmente, porque tais rituais e cerimónias não devem ser de domínio público, porque quaisquer cerimónias e rituais executados devem ser sentidos e vividos por quem os executa e vivência. Logo, se tornaria irrelevante o seu conhecimento ao público em geral, que não os interpretaria da melhor forma.


Ø  Não revelar o que se passa no seio de uma sessão ritual maçónica, nem quais os maçons nela presentes. Uma vez que, se outros guardam para si o que fazem nas suas casas, porque não os maçons poderem fazer o mesmo na sua casa?!
Não terão eles esse direito também?!
No fundo, é uma questão de “justiça social” ser respeitada a privacidade das reuniões de maçons. Porque para além de também eles, respeitarem a privacidade de outras organizações e particulares. Também o público em geral assim o faz.
Se o “direito à reserva de intimidade” existe para ser cumprido, então que seja por todos!

Ø  Não revelar as formas de identificação e reconhecimento entre maçons. Porque sendo algo do seu foro íntimo, deve ser respeitado como tal. E porque acima de tudo, a sua função serve apenas para reconhecimento de e entre Irmãos e nada mais. E uma vez que não se deve revelar a identidade de um irmão maçom a profanos, logo se for do conhecimento geral as formas de reconhecimento, facilmente se saberá quem é maçom e quem não o é. E se em Liberdade e Democracia isso é de somenos, em regimes ditatoriais, isso seria bem nefasto aos maçons. Pois quem defende valores de Igualdade, Fraternidade e Liberdade, não costuma ser bem tolerado nesses países.

Ø  E finalmente não revelar a outro Maçom, informação referente a grau superior ao que ele se encontrar. Porque para além de retirar o efeito surpresa ao Irmão em causa, na execução dos rituais do grau em questão, estará também a fornecer conhecimentos que possivelmente não lhe sejam inteligíveis. Ou seja, se a um maçom lhe for fornecida informação de um grau superior, ele não a saberá interpretar corretamente, para além de não a executar ritualmente na forma devida. O que ao contrário de melhorar a sua “cultura maçónica”, só o irá “prejudicar” na sua formação e caminhada como maçom.

Quanto ao resto, isso eu não posso contar, porque é “segredo”

segunda-feira, 16 de maio de 2011

Sugestão Literária (5)...


Hoje trago-vos como sugestão de leitura, um livro do Professor José Manuel Anes sobre a Quinta da Regaleira.
Este é um dos livros dos quais não me fiquei por uma leitura apenas. Pois acho este livro bastante interessante, para além de trazer à luz alguma da principal simbologia contida na Quinta da Regaleira.
O livro também dispõe de um acervo fotográfico bastante interessante e revelador do interior da quinta, do palácio e dos seus jardins.
(Para os mais “distraídos”, aproveito para relembrar que tenho também por aqui publicado uma série de fotografias sobre a Quinta da Regaleira.)
O professor José Manuel Anes é uma das maiores autoridades nacionais no que toca a abordar a Mansão Filosofal que é a Quinta da Regaleira; uma das poucas mansões com estas características no mundo inteiro. Permitindo este livro, que se obtenham informações credíveis e fidedignas.
Aqui fica:
"Os Jardins Iniciáticos da Quinta da Regaleira”, José Manuel Anes, Ésquilo Editora"

quarta-feira, 4 de maio de 2011

Maçonaria, secreta?!

Ouço com bastante frequência por parte de profanos, a afirmação de que a “Maçonaria é uma sociedade secreta”.
Afirmação essa com a qual discordo na íntegra.
(Sendo este texto o primeiro de uma série de três sobre este assunto).
A Maçonaria na sua essência é uma associação fraternal e universal, de carácter iniciático-progressivo, e com uma vertente  filantrópica e social, que promove a Liberdade, Igualdade e a Fraternidade entre os Homens, mas discreta! Isto é, uma associação não secreta mas com segredos. (Que abordarei noutro texto).
Ora se existe a ideia generalizada da secretecidade da Maçonaria, então ela como instituição dita secreta, não estará a tomar os cuidados e a reserva necessária para se proteger.
Nada de mais errado !!!
A grande maioria das Obediências Maçónicas (ex:  GLLP/GLRP), Respeitáveis Lojas (ex: RLMAD ) tem páginas oficiais na internet, os seus dias de reunião encontram-se publicados em jornais e publicações várias, existem vários documentários feitos e televisionados; no YouTube existem vários clips de video sobre a Arte Real, estando os  supostos rituais e formas de reconhecimento maçónicos publicamente na internet, bastando apenas alguma perca (ou ganho) de tempo; existem vários blogues e páginas maçónicas com informação fidedigna escritas por maçons (ex: “ A Partir Pedra ”); e inclusivé, as moradas das Respeitáveis Lojas são de domínio público e encontram-se elas, registadas em Conservatórios Notariais.
Logo, com tanta informação e publicidade feita, como se pode assumir que a Maçonaria é uma sociedade secreta?!
Só posso afirmar que não o é, de todo!
Aliás, se a Maçonaria fosse uma sociedade secreta, não estariam agora a ler estas linhas, pela simples razão de que este espaço não existiria à vista profana.
Post Scriptum: Quem quiser “bater à porta”, saberá certamente onde se dirigir…

segunda-feira, 2 de maio de 2011

Para escutar (4)...


A ária da "Rainha da Noite", pertencente à Ópera "A Flauta Mágica" de Wolfgang Amadeus Mozart.