sexta-feira, 29 de dezembro de 2017

Votos de um Excelente 2018...

Que o próximo ano que se avizinha, 2018, seja um ano dedicado à Fraternidade e que em relação ao qual, existe já uma Petição a decorrer nesse sentido e que irá ser apresentada à Assembleia da República.

Não sei se os seus subscritores alcançarão os seus propósitos, mas eu, da minha parte, tentarei cumprir com a minha parte.

Deste modo desejo que o próximo ano seja um ano em que a Fraternidade ande de par a par com a Liberdade dos Povos e a Igualdade entre géneros e classes sociais.

Que 2018 seja um ano em que a Sabedoria presida às nossas decisões, a Força esteja presente nossas acções e que a Beleza decore as nossas orações; mas que principalmente a Paz reine na Terra, o Amor persista entre os Homens e que a Alegria permaneça durante o ano nos nossos corações.

Se estes meus Votos forem cumpridos, 2018 será não apenas mais um ano no calendário do Tempo, mas um dos "Anos"...


A Todos(as) os meus Votos de Boas Entradas e um Excelente ano de 2018!

sexta-feira, 15 de dezembro de 2017

Peculiaridades singulares do Ofício de Venerável Mestre...

Como tema para o texto que publico hoje, escolhi a figura representativa da estrutura de uma Respeitável Loja Maçónica,  o seu Venerável Mestre.

O cargo de Venerável Mestre é ocupado por um Mestre do quadro de Obreiros de uma Loja que foi eleito pelos seus pares para esse efeito.

Das várias funções ou atributos que lhe são confiados fazem parte a direcção (administrativa e espiritual) da Loja e a representação da Loja e seus obreiros na estrutura da Obediência em que se encontra filiado.
- O que parece pouco, mas não o é!-

A origem deste cargo ou função - E eu sou dos que prefere que este seja considerado apenas como um “Ofício”, pois se é instalado nesse Ofício, e por isso mesmo o Venerável Mestre é um “oficial da Loja”, e tal, não como um cargo em si, e explicarei adiante o seu motivo - é remetida para tempos imemoriais e também à época das guildas de construtores de catedrais e profissões ligadas à Ars Structoria (Arte da Construção) na Idade Média, em que um Mestre entre os mestres ou companheiros encarregados pela execução de uma obra, seria escolhido para dirigir os seus trabalhos e para tal era designado o "Mestre da Loja". 
A permanência do eleito para o ofício nesse cargo era variada e tanto poderia ser renovada anualmente ou apenas permanecer nela durante o tempo que durasse a obra em que se encontrava a laborar.

Mas o que me remete para este tema, em que analiso o ofício de “Venerável Mestre”, não é a sua “origem” ou funções acometidas, mas sim algumas singularidades peculiares que se afiguram ao mesmo.

Geralmente é eleito ou candidato a tal, alguém a quem foram reconhecidas capacidades para que possa exercer essa função, a mais alta em Loja, durante determinado tempo – regra geral, é uma função anual – e que nos tempos transactos tenha tido como função ter sido Vigilante da Loja. Função esta que se divide em outros dois "ofícios", o Primeiro Vigilante e o Segundo Vigilante, que são em conjunto com o Venerável Mestre, as “Luzes da Loja”, isto é, os seus “Oficiais maiores” assim por dizer…

Os Vigilantes têm como principal função a formação dos Obreiros a seu cargo respectivamente e auxiliar o Venerável Mestre na condução ritual dos trabalhos maçónicos da respectiva Loja.

Mas voltando ao tema, se se espera que a pessoa que será eleita para o exercício deste ofício de Venerável Mestre seja uma pessoa bastante capacitada seja pelo seu conhecimento ritual, administrativo  ou até pela sua forma de estar na vida, uma coisa é certa, depois de eleito e durante a aplicação e execução do Ritual em Loja, o Venerável Mestre parece ser a pessoa que menos conhece a sua ritualidade e formas administrativas; o que poderia significar que tinha sido eleito para guiar os destinos da Loja, um mestre impreparado para tal desígnio. 

E este sim, é o tema fulcral do texto que apresento. 

O facto de o Venerável Mestre, a pessoa que a Loja elegeu, o membro a quem confiou e entregou os seus destinos para um determinado tempo – o Veneralato – ser a pessoa que durante o Ritual mais dúvidas tem e que apresenta ou até a pessoa que mais perguntas faz… 
Seja tanto para obter “conhecimento” como para se certificar de algo. O certo é que as faz! E nem as deixaria de (poder) fazer.

Para quem é Iniciado nestas andanças saberá que os questionamentos que o Venerável Mestre faz, fazem parte integral do cumprimento e observância do Ritual em execução na Loja e não de qualquer ignorância da sua parte – nem o poderia ser! -, mas tal se visto pelo prisma que Vos apresento, por certo chegarão à mesma conclusão que eu, hipoteticamente falando!

Antes demais, vou explicar de forma ligeira porque prefiro dizer que se é investido ou instalado numa função ou ofício e não num cargo.

Primeiro, porque um cargo remete para autoridade e afins… 
Quanto a mim o problema não reside na autoridade, porque a mesma faz falta, o problema é mesmo os “afins”…

Segundo, quando alguém exerce uma função ou ofício, apenas as tarefas designadas a tal serão executadas e nada mais…  
E é isso que se espera que seja cumprido! 

Para além de que alguém investido numa qualquer coisa, saberá que tal exercício será meramente temporal e dependente da vontade de outrem e não apenas exclusivamente da sua. Já os cargos por vezes se podem assumir como definitivos... 
Poderia parecer apenas uma mera questão linguística e de semântica, mas parece-me que é de uma relevância tal que não deve ser descortinada por ninguém.

Por isso é que digo que prefiro que tal função de Loja seja um ofício por isto mesmo!

Alguém é escolhido para desempenhar a função, executando as tarefas que lhe são relegadas e deve-o fazer com espírito de missão e entrega e fazendo-o porque sabe que assim o deve fazer.
Já por sua vez, se estivesse a cumprir um cargo, poderia esse alguém esperar algo diferente daquilo que é o propósito desse ofício e o exercesse de uma maneira que não fosse a mais correcta para tal.

E se habitualmente os cargos ostentam-se, as funções são cumpridas e os ofícios desempenhados...

E é por isto que citei que facilmente se pode concluir que considero que o "Venerável Mestre não faz a Loja", mas sim o seu inverso, ou seja, "a Loja é que faz o seu Venerável Mestre", pois este foi escolhido e sufragado pelos demais e devem estes, por isso mesmo (!), no auxiliar naquilo que ele necessite para levar a bom porto a missão que, por todos, lhe foi confiada.

- Existe quem entenda o contrário e por isso aja dessa forma, tendo eu apenas que o respeitar dentro dos limites a que a Fraternidade e a minha tolerância assim me o obriguem a tal - .

Mas voltando ao tema, porque é que eu afirmo que o Venerável Mestre será o obreiro que no decorrer do ritual e em sessão de Loja é a pessoa que mais desconhecimento tem sobre o que por lá se passa?!

Porque:

·        Para saber se os Maçons que se encontram no Templo estarão a coberto dos profanos nos seus trabalhos de Loja, tem de questionar um dos Oficiais da Loja;

·        Para estar salvaguardado que as pessoas que estão no Templo são filiados da Ordem, questiona outros Oficiais da Loja, bem como inclusive, até para saber onde ele e outros se sentam e os motivos para tal ,tem de questionar outrem para obter o conhecimento sobre tal facto, não podendo ele se sentar em qualquer sítio;

·        Para saber qual o horário designado para o trabalho em Loja  e o espaço temporal em que se encontra, tem de questionar outros Oficiais da Loja, não bastando apenas olhar para o seu relógio;

·        Para conhecer a identificação e a assiduidade dos obreiros efectivos da Loja, encarrega outro Oficial da Loja para o fazer, não bastando olhar em volta para ter a percepção de quem se encontra no Templo;

·        Também é um Oficial da Loja que lhe comunica e relembra qual a Ordem dos Trabalhos que o próprio Venerável Mestre definiu para essa Sessão;

·         Para abrir e fechar ritualísticamente os trabalhos da Loja tem de ser auxiliado por um conjunto de Oficiais, não o podendo fazer sozinho;

·     São outros Oficiais da Loja que se encarregam de administrar (ou auxiliar nesse sentido) nas questões financeiras, espirituais e fraternais da Loja. Nomeadamente o Venerável Mestre ainda questiona determinados Oficiais da Loja se quem se encontra na assembleia se encontra satisfeito pela forma de como os trabalhos foram realizados.

Por tudo isto (e mais que não expus) acima, é que poderia eu considerar que o Venerável Mestre será a pessoa que menos sabe o que se passa na sua “casa”.

E é por isso mesmo que também, que os seus Oficiais e restantes membros da Loja o auxiliam na execução desses mesmos trabalhos bem como na direcção da Loja.

Daqui se pode concluir o que eu afirmei anteriormente, e por estes mesmos motivos (!), que uma “Loja não é do Venerável Mestre, mas o Venerável Mestre é que é da Loja”, pois é a Loja que faz as “coisas” acontecerem, sendo o Venerável Mestre uma espécie de maestro que gere a orquestra, que neste caso é a Loja Maçónica da qual faz parte tanto como obreiro bem como ao mesmo tempo, investido na função que exerce. Um equilíbrio difícil por vezes…

Ou seja, o Venerável Mestre não está solitário na Loja bem como uma Loja não pode funcionar sem o seu Venerável Mestre.

- Para uns, isto é simples e fácil, para outros… “o cabo dos mundos”… -

O que é certo é que o exercício deste Ofício não pode nem deve ser levado como se fosse mais um “passeio pelo parque”, mas antes como uma demanda per si e pela Loja, e que a eleição para essa função foi o culminar de um período em que se encontrou ao serviço pela Loja e que começou quando foi Iniciado ao grau de Aprendiz e posteriormente por todos os ofícios que foi desempenhando ao longo dos tempos na Loja e pela Loja e que aquando o  final do seu veneralato, nesse momento, se remeterá às Colunas ou à função que o seu sucessor considere como sendo a mais válida para a Loja em si. Apartir de aí, outro mestre, por todos eleito, seguirá nos “comandos" da Loja; seguindo-se um ciclo repetido vezes sem conta desde o “início dos tempos”…

Assim e simplificando o assunto, o Venerável Mestre apenas será aquilo que a sua Loja queira que ele seja. 
E esta é que é a peculiaridade verdadeira que se pode assacar à função que ele exerce na Loja.
Porque o que importa, realmente, é a Loja… 
O resto, é simples “matéria e espírito”!
(Ou o Ego de alguns... e isso não tem qualquer valor em Maçonaria).

PS: Obviamente foi com alguma leveza e “mente aberta” que abordei o tema, pois de facto na realidade, o Venerável Mestre tudo conhece sobre o que se passa e deve passar no seio da Loja a que preside.
Mas não deixa de ser peculiar a forma de como é executado o Ritual e os “porquês” dos questionamentos que são feitos pelo Venerável Mestre no decorrer dos trabalhos da Respeitável Loja . 
Mas isso já são “contas para outro rosário”…

sexta-feira, 1 de dezembro de 2017

Perspectivas reais...

Quem já teve a oportunidade de ler algum dos textos que eu vou escrevendo, porventura já terá reparado que algumas vezes costumo afirmar que na mais simples coisa se pode encontrar a presença da Arte Real.

Naturalmente que só vislumbramos algo se o conhecermos, bem como reciprocamente, que só poderemos encontrar aquilo que efectivamente  procuramos.

Aliás, existe até mesmo um silogismo religioso e iniciático que diz que “quem procura, encontra”.
E eu acrescento que pode mesmo encontrar!

Pode é nem sempre ser tão lesto como se poderia desejar, mas com trabalho, empenho, paciência e muita perseverança, tal poderá ser concebível.

Mas por vezes é possível encontrarmos algo mesmo que não estejamos à procura de alguma coisa e essa descoberta, algumas vezes fascinante, é algo que nos pode motivar e impelir para ir mais além, demonstrando de certa maneira, que o caminho que escolhemos tomar é o que melhor se nos aplica.

Por isso, não são raras as vezes que encontro a presença da minha(/nossa)arte, em coisas tão simples como em frases ditas por alguém que nem sempre está identificado com os princípios de vida que observo, ou em canções ou músicas que nem sempre são aquelas intemporais ou mais comerciais que é usual conhecermos ou outras que poderíamos relacionar com algo mais místico ou metafísico até, ou inclusive até mesmo em simples construções onde a presença da Maçonaria poderia ser assumidamente dada como inexistente.

Quando encontro algo que relaciono directa ou indirectamente com a Arte Real é porque detenho um conhecimento que me permite reconhecer essa presença, ou pelo menos, a supor.

Mas tudo isto, apenas pode ser feito através da minha perspectiva, da minha visão, dos meus princípios morais e da minha experiência de vida. É a perspectiva que tenho sobre tal, que me permite esse facto.
Pois as mesmas coisas, os mesmos objectos, as mesmas músicas, poderão na perspectiva de outrem, pouco ou nada ter a ver com a opinião que tenho sobre essas mesmas coisas. Tudo na vida depende da nossa perspectiva e da nossa opinião e é a nossa perspectiva que tudo define.

Aquilo que eu vejo e sinto, podem outros também o ver e sentir, tal como outros poderão nunca o fazer…

Mas aquilo que eu vejo, sinto, saboreio ou toco, apenas poderá acrescentar mais valias à minha vida se eu tiver a noção disso mesmo, caso contrário apenas serão meras sensações que sentirei e que pouco ou nada me trarão de novo ou de positivo para o que eu espero da vida.

Todavia, enquanto eu olho para algo através da vista de alguém reconhecido como maçom, um estudante de Teosofia, um Rosa-Cruz, um membro de outra via iniciática qualquer ou que tenha alguma perspectiva espiritual diferente da minha, encontrará outras coisas que não me serão possíveis encontrar.

Primeiro, porque não as procuro, mas principalmente porque não as conheço. E sem as conhecer, nunca me será possível as reconhecer…  

Todavia, alguém não iniciado nestas “andanças”, também não o conseguirá fazer  porque não as conhece, e também porque sem as conhecer,  também não as poderá identificar.

O que poderá fazer no entanto, é tentar perceber o que é aquilo que observa, e quanto muito, se auxiliado correctamente, é apreender, através da boca de quem lhe vai debitando noções ou percepções daquilo que estará à sua frente.
O que é sempre diferente de reconhecermos algo e aquilo que nos dizem que será ou que poderá ser na realidade…

- Existem sensações que são necessárias vivê-las, experimentá-las, para se saber verdadeiramente o que são… As nossas experiências, as nossas vivências são determinantes na nossa vida, pois elas são responsáveis por aquilo que somos, por aquilo que pensamos e por aquilo que fazemos…-

Quantas vezes não estivemos nós em excursões ou em visitas a museus, castelos, igrejas, espaços culturais, etc, onde fomos guiados por alguém?

E em ocasiões em que tal era a primeira ou a segunda vez que visitávamos esses locais?

E que à medida em que íamos ouvindo o nosso guia, íamos adquirindo novas percepções sobre o que estávamos a ver?

Ou em visitas posteriores aos mesmos lugares, em que observávamos já com olhos diferentes aquilo que estávamos a contemplar, fruto dos conhecimentos que fomos ganhando entretanto?!

A nossa opinião bem como a nossa perspectiva sobre algo é mutável, evolui.

Já alguém dizia que só “os ignorantes não mudam de opinião” e quem não muda, não consegue progredir. E sem progredir, o Homem estagna, definha…

Por isso é tão importante a perspectiva que temos das coisas e quanto menos ambígua for essa perspectiva mais depressa poderemos definir aquilo que encontramos ou aquilo que observamos como sendo (o) verdadeiro e/ou o mais correto.

E a nossa experiência de vida, o nosso empirismo, terá um papel fulcral no auxílio de validar aquilo que se nos é apresentado pela vida.

Através da nossa experiência é nos possível adquirir uma visão das coisas, que sem ela, não nos seria possível obter.

Não basta se olhar alguma coisa simplesmente olhando, há que se olhar com olhos de quem quer ver
E isso é o mais importante, porque só agindo assim poderemos alcançar o conhecimento, actuando de forma deliberada e tendo a noção do que (o) estamos a fazer .

-A nossa perspectiva será sempre a “nossa”. Outros terão as “deles”.-

Devido a diferentes experiências de vida, diferenças culturais, sociais, económicas e educacionais, existem várias formas de se olhar e analisar a mesma coisa.

Tanto que na maioria das vezes, temos como opinião que, se as perspectivas dos outros forem semelhantes à nossa, facilitam-nos o nosso inter-relacionamento humano, e que se forem contrárias ou divergentes às perspectivas que temos, possibilitam-nos outras novas aprendizagens e também a comunhão e partilha de diferentes pontos de vista, originando o debate dessas diferentes  ideias. Sendo isto, algo que considero também como bastante necessário para o progresso humano.

E é para o progresso do ser humano que os maçons trabalham! Seja através da sua acção no mundo profano, seja através do seu trabalho nas suas lojas maçónicas…

Por tudo isto, dependendo apenas da perspectiva que se poderá ter acerca de algo, foi-me possibilitado fazer esta reflexão que convosco partilhei.

Foi apenas a minha perspectiva que enunciei e nada mais!

Se correta, se errada, apenas outrem a poderá sufragar e dar-lhe o valor que considerar que ela valha.
Quanto a mim e para aquilo que pretendo da vida, por enquanto, vai servindo perfeitamente…


PS: Texto escrito por mim e publicado previamente aqui.