sexta-feira, 14 de setembro de 2018

"O Nível..."

No texto que hoje publico vou abordar uma das Jóias – o Nível - que para mim tem mais relevância em Maçonaria, dado também ser de momento a Jóia que envergo devido às funções que presentemente exerço na Respeitável Loja da qual sou membro do seu quadro de obreiros, tendo eu sido investido no ofício de Primeiro Vigilante durante este  veneralato que agora termina.

O Nível é a Jóia do Primeiro Vigilante. Esta jóia permite que ele seja reconhecido pelos outros maçons presentes no Templo Maçónico durante o decorrer dos “Trabalhos” de uma Respeitável Loja.  Sendo o Primeiro Vigilante o primeiro oficial da Loja precedido pelo Venerável Mestre e seguido pelo Segundo Vigilante; representando os três as designadas “Luzes da Loja”.

O Nível  é um instrumento cuja simbólica representa o princípio da Igualdade, a base do direito natural entre os Homens, mas principalmente entre todos os maçons, que apesar das suas diferenças, aos olhos do Grande Arquitecto do Universo, são todos iguais e sem qualquer tipo de distinção entre eles.

O Nível faz parte do grupo de instrumentos que em conjunto com o Esquadro e o Prumo,  são designados como sendo as “Jóias Móveis " da Loja.

O Nível, como instrumento de construção, é destinado, principalmente, a determinar a horizontalidade de um plano e averiguar a diferença ou a igualdade entre dois pontos no plano.

O Nível é habitualmente formado por um esquadro e um prumo que se encontra pendente no seu centro, permitindo desse modo medir a verticalidade e a horizontalidade em simultâneo, de modo que também seja passível de serem estabelecidas linhas paralelas no traçado de uma obra. Outra forma de representação do Nível é a de um triângulo, saindo uma perpendicular do seu ápice, ficando esta solta no espaço, com um pequeno peso na ponta, dividindo desse modo o triângulo em dois pequenos esquadros.

O Nível por ser formado por um esquadro (a jóia do Venerável Mestre), mas menos acurado que este, contudo mais completo que o Prumo (a jóia do Segundo Vigilante), tanto que esse é também um dos motivos pelos quais que também se considera o Primeiro Vigilante como sendo o natural substituto do Venerável Mestre nas ausências deste.

O Nível também em conjunto com o esquadro possibilita que a construção horizontal e vertical seja empregue de forma correcta, pelo que se associarmos os tijolos utilizados numa construção como sendo maçons na sua Loja, a matéria-prima, facilmente podemos concluir que a aplicação do nível pelo Primeiro Vigilante leva os maçons à igualdade e à sustentação do Templo maçónico. Por isso considera-se o Nível como sendo uma ferramenta passiva pelo facto de este ser um instrumento que a todos nivela e submete às Leis maçónicas, sem qualquer tipo de distinção.

- Não deixa de passar despercebido o facto de que a jóia do Primeiro Vigilante ser formada pelo conjunto das jóias do Venerável Mestre e do Segundo Vigilante, sendo estes considerados as “Luzes da Loja”. Interessante! –

O Nível também se encontra ligado à forma de como o Aprendiz chegará a Companheiro, pois ele advirá do Prumo para chegar ao Nível, transitando do Setentrião para o Sul da Loja, ficando às ordens e sob a formação e responsabilidade do Primeiro Vigilante.
 - Aliás costumo afirmar em tom, quicá, jocoso que o maçom é aprumado primeiro pelo Segundo Vigilante e nivelado depois pelo Primeiro Vigilante.-

Aproveito para referir que na maçonaria operativa, uma das funções do capataz ou superintendente-da-obra, o actual Primeiro Vigilante, era a de verificar frequentemente o nivelamento da construção a seu cargo com esta ferramenta de tão grande importância, de modo a que a edificação decorre-se de forma estável e firme, sem qualquer desnível ou irregularidade.

A própria solidez de um edifício somente pode ser atingida através da utilização do Nível (ressalvando mais uma vez a relação força/sólido/fortaleza/firmeza que aparecem em referência ao Primeiro Vigilante), pois sem ele, relegaríamos a importância da consonância e do equilíbrio entre o crescimento em altura e a respectiva expansão no solo durante a construção de um edifício. Simbolicamente isto pode ser facilmente descortinado de que a progressão vertical deve estar acompanhada por uma correspondente expansão horizontal, pois o Nível do Primeiro Vigilante em conjunto com o Prumo do Segundo Vigilante, demonstram/ensinam a lição de que o equilíbrio é a todo momento necessário, facto este indispensável a cada etapa de crescimento ou à sã progressão natural, seja ela maçónica ou profana, indicando assim que o crescimento e a elevação se expandem ao chegar a maturidade, transmitindo a estabilidade e a frutificação das nossas aspirações.

É através do auxílio e da utilização do Nível que compete ao Primeiro Vigilante aplicar de forma correcta e transversal os conhecimentos que detém, agindo de forma imparcial, tolerante e harmoniosa, mantendo a rectitude e igualdade entre todos obreiros  perante as leis e morais maçónicas (apesar das funções ou “qualidade” que estes detenham, pois tudo é efémero!), vivenciando estas com cordialidade no trato, carinho, educação e respeito entre todos, seja entre aquele que de momento ocupa o mais elevado grau na Ordem, seja sobre aquele que ainda agora foi iniciado nos nossos mistérios… Desta forma o Nível relembra que ninguém deve dominar outrem.

- Até porque todos nós teremos o mesmo fim. Tempus fugit… -.

E é a esse fim, que o Nível nos, contudo, remete; para o grande final, o memento mori,  a Morte!  Essa grande niveladora de todos os Tempos e que a todos acorre e que conduz ao Grande Oriente Eterno, para junto do Grande Arquitecto do Universo, na Grande Loja Celestial…

É também graças à Morte, que é feita a reflexão sobre o que devemos fazer, como devemos agir, qual o nosso papel no mundo, e qual a forma de melhor passarmos o tempo que o Altíssimo nos consignou. Carpe Diem!

E somente com o cimento do amor fraterno tal pode ser alcançável, pois já Salomão dizia nos seus Cânticos 8:6 :”… porque o amor é forte como a morte,….”, e como tal compete-nos perseverar nessa luta diária com a Morte até ao dia em que ela, finalmente, nos derrotará. E mesmo quando tal suceder, que este mesmo amor fraternal que nos une seja ele também a semente da lembrança, porque quem é relembrado nunca perecerá…

Aproveito ainda para recordar que o Nível encontra presença também ele, de certa forma e à sua maneira, em alguns Sinais Penais da Maçonaria. Também estes de uma certa maneira associados à Morte ou à forma como poderá decorrer a morte a quem quebrar os juramentos prestados perante todos e a bem da Ordem em geral. Juramentos estes feitos de plena vontade e em total consciência dos mesmos.
A não esquecer… tal miosótis este!

Bibliografia:
·         George Oliver, “A dictionary of Symbolical Masonry”, 1853
·         Henrik Bogdan & Jan Snoek , Brill Handbooks on
Contemporary Religion Vol.8, “Handbook of Freemasonry”, 2014
·         Humberto Antonio Camejo Arias, “Simbolismo e Diccionario Masónico”, 2014
·         Iván Michel Herrera, “ Las Herramientas Masónicas”, 2013
·         Jaime Ayala Ponce, “Diccionario Masonico y Esoterico”
·         Juan Carlos Daza, “Diccionario Akal de Francmasoneria”, 1997
·         Jules Boucher, “A Simbólica Maçónica”, 2006
·         Júlio Resende (GOB), “Cargos em Loja”, 2014
·         Plutarco (NS), Gran Logia Equinoccial del Equador B.·. R.·. L.·. S.·. “Luis Vargas Torres No. 17”,Simbolismo Masonico de las Dignidades y Oficiales, Las Joyas Fijas y Moviles”
·         Rizzardo da Camino, “Simbolismo do Primeiro Grau”, 1998

1 comentário:

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