A obrigatoriedade de um candidato a Maçon (e posteriormente, continuar a …) ser livre e de bons costumes, remonta à época da fundação da Maçonaria Especulativa, no século XVIII, época do Iluminismo. Essa mesma obrigatoriedade é um dos Landmarks que regem a nossa Augusta Ordem e na sua observância e cumprimento dos mesmos, garante a Regularidade Maçónica à nossa Muito Respeitável Obediência (GLLP/GLRP).
Quanto à premissa de “ser-se livre”, deve-se ao fato de à época, ainda existir a escravatura em vários locais do globo e como tal, para se ser iniciado era necessário ser-se “livre”, isto é, não ser “pertença de ninguém”. É claro que hoje em dia, essa obrigatoriedade não se põe, apenas se mantém essa premissa devido ao enorme simbolismo que a mesma acarreta. Porque hoje em dia todos somos pessoas livres. Só não o é quem se encontrar detido devido ao cumprimento de penalização criminal, e se encontrar-se nessa condição, logo não será iniciado.
Também quando se diz que o candidato deve ser livre, ele deve ser livre de dogmas e ter uma mente aberta. Livre de dogmas porque lhe permite discutir, debater; e ter a mente aberta, porque isso lhe proporcionará a interpretação da vasta simbologia inerente à Maçonaria.
Em Maçonaria, costuma-se dizer que se deseja um “Homem Livre”, pois é do entendimento da Ordem, que o homem não deve estar submetido a vícios e paixões tais, que o prejudiquem ou condicionem a sua própria vontade; sendo que por isso mesmo, um dos trabalhos do Maçon, é “vencer as suas paixões…”.
E essa submissão da vontade, é apenas a vontade de aprender, de se tornar melhor pessoa, seguindo os costumes e preceitos da Arte Real. Em nada lhe é retirada a sua liberdade ou condicionada a sua opinião.
Mas também como livre se poderá entender por alguém que se consegue sustentar, que consegue cumprir com as despesas habituais em Maçonaria, com ações de solidariedade e caridade, tronco da viúva, com quotas e paramentos, etc, sem com isso prejudicar o sustento da sua família. Por isso livre, de liberto de condicionalismos financeiros que prejudiquem ou penalizem a sua família pelo fato de ser Maçon.
Mas também como livre se poderá entender por alguém que se consegue sustentar, que consegue cumprir com as despesas habituais em Maçonaria, com ações de solidariedade e caridade, tronco da viúva, com quotas e paramentos, etc, sem com isso prejudicar o sustento da sua família. Por isso livre, de liberto de condicionalismos financeiros que prejudiquem ou penalizem a sua família pelo fato de ser Maçon.
Os “bons costumes”, são (quase) como uma obrigação para se viver em liberdade e cidadania na nossa Sociedade. Logo, a Maçonaria que se quer como uma instituição que atua na Sociedade Civil, através dos bons exemplos de conduta dos seus membros, aproveita e exalta a sua moralização de costumes.
Sendo que por “bons costumes” entendamos a observância e cumprimento de bons princípios e preceitos morais e sociais, boa retidão da conduta pessoal, o respeito e a tolerância pelo próximo e pelas suas ideias, o respeito pela Família, ser um bom trabalhador….
Enfim, tudo o que se quer como características pertencentes a um “Homem Bom”.
E à Maçonaria interessa ter nas suas fileiras homens assim… “livres e de bons costumes”, os outros são dispensáveis…
@Nuno;
ResponderEliminarGostei da sua explicação sobre alguns itens/pontos obrigatórios para a integração de um “profano” na Maçonaria.
Como profano não contesto qualquer uma das suas explicações, pois para tal e sobre tal não tenho qualquer outro conhecimento, mas neste caso gostaria de sobre um dos pontos aplicar outra explicação, a minha, que repito é a de um “profano”(alguém que está fora da Maçonaria), e que creio ser também uma regra da Maçonaria, que é a livre interpretação da simbologia / terminologia por cada individuo.
Assim e sobre o ponto de uma candidato ter que” ser um homem livre” prefiro a definição de Descartes em que a liberdade, acto exercido por quem é livre, é uma, sito:
“ausência de necessidade externa ou de qualquer força alheia à subjectividade racional do homem. Sem que o princípio da conservação do movimento seja violado, a alma, unida ao corpo pela glândula pineal, pode dirigir os movimentos dessa glândula, de modo a influir sobre o comportamento do corpo. Como as paixões são estado da alma, infligidos pelo corpo, a sabedoria só poderá ser atingida pelo progressivo domínio que sobre elas exerçam a alma racional e o livre arbítrio, pelo qual o homem é exclusivamente responsável pelo seu destino.”
Ou seja, passo a interpretar, de forma muito grosseira e curta:
O homem livre é aquele que se consegue libertar de todos os pré-conceitos e conceitos, que lhe foram incorporados durante a sua formação/educação, e tem a capacidade de abrir a mente para novos valores, explicações, acções, conceitos e realizações que até ao momento em que, com eles é confrontado, não tinha conhecimento, ou seja, é aquele que consegue fazer, para mim (mais uma vez de forma grosseira e curta), o processo de se libertar dos condicionalismos da sua vida e fica preparado para uma nova forma de estar e ou ver esses mesmos, ou outros pelos quais irá substituir os seus antigos, valores, explicações, acções, conceitos e realizações.
Que mais será do que a verdadeira capacidade de “morrer” e “renascer” sem para e que por isso se tenha que libertar do corpo físico a que está ligado.
No que se refere aos “bons costumes” gosto mais da definição:
“Por bons costumes entende-se um conjunto de regras, de práticas de vida, que, num dado meio e certo momento, as pessoas honestas, correctas e de boa fé aceitam comummente.”
Fonte: http://www.verbojuridico.com/doutrina/civil/civil_ordempublicabonscostumes.pdf
Nuno espero que não leve a mal esta minha intervenção, pois como alguém (que ambos conhecemos) um dia me disse “estamos a dizer a mesma coisa, apenas de forma diferente”.
Essa é, creio (pois mais nada posso fazer senão crer, com base no que li, ouvi e tenho tentado aprender, como “profano), uma das mais-valias do livre arbítrio, na interpretação, que a Maçonaria promove e incentiva junto de quem é aceite no seu seio, ou não fosse o processo de busca da perfeição um processo individual e de realização pessoal, apesar de poder e dever de ser aplicado em prol do grupo / sociedade, em que o Maçom está inserido.
Atenção tudo isto, repito, são divagações de um simples e mero “profano”.
apreciei o texto.
ResponderEliminarBoas M.A. ...
ResponderEliminarAgradeço o comentário, e posso dizer que concordo com o que contrapôs.
É claro que não levo a mal o seu comentário ou outros que no futuro possa fazer, mesmo que eles não sejam concordantes com a minha opinião.
Essa é também uma das liberdades que aqui se tem, a de comentar o que aqui é escrito.
O que eu agradeço que o façam.
Pois permite-me através das opiniões, sejam quais forem, me mostrar outras realidades que não a minha. E isso é importante na formação do Ser Humano.
Ver,Escutar e Opinar, são das maiores conquistas que a Liberdade propocionou ao Homem, quando ele é "livre" e vive em sã convivência e cidadania com os demais, ( os tãos chamados "bons costumes").
:)
Abraços
Boas Daniel...
ResponderEliminarEspero que com textos destes ajude a mudar a mentalidade e a forma de como é vista a Maçonaria em Portugal. De facto ainda há um longo e árduo caminho a percorrer, mas devagarinho lá chegarei...
:)
Abraços
Viva Nuno
ResponderEliminarO meu contributo ao comentar o seu post tem como objectivo único avivar 3 pontos que considero fundamentais, para alem dos que apontou, mas que não são requisitos exclusivos da Maçonaria, tão pouco a L, I e Fraternidade!
Mas o que tem a Maçonaria, para além de gente boa, são Obreiros que abraçaram uma filosofia de vida iniciática, que se libertaram dos conceitos de vida adquiridos como certos e que como livres, procuram a Luz que lhes mostrará a sua própria Pedra. Isto só se consegue vivenciando e trilhando o caminho pela sabedoria, força e beleza. Portanto, a maçonaria não é para uma qualquer boa pessoa!
Quem não consegue “ver”… os sinais são sinalética e o Templo uma qualquer igreja!
Comentando a visão de profanos, apenas acrescento que para sentimentos destes não há palavras disponíveis para os definir… também nós procuramos a Palavra Perdida.
Abraço Fraterno
Boas Candido....
ResponderEliminarO Candido afirma "...mas que não são requisitos exclusivos da Maçonaria, tão pouco a L, I e Fraternidade!"
Ainda bem que assim não o é apenas. Esses são valores que devem estar incutidos na Sociedade em que vivemos. A Maçonaria apenas procura exaltá-los.
Quanto à Palavra Perdida, essa já foi perdida há muito, e há muitos como eu, que a ainda andamos a procurar... :)
Abraços
Este comentário foi removido pelo autor.
ResponderEliminarJocelino Neto disse...
ResponderEliminar"O homem livre é aquele que se consegue libertar de todos os pré-conceitos e conceitos, que lhe foram incorporados durante a sua formação/educação, e tem a capacidade de abrir a mente para novos valores, explicações, acções, conceitos e realizações que até ao momento em que, com eles é confrontado, não tinha conhecimento, ou seja, é aquele que consegue fazer, para mim (mais uma vez de forma grosseira e curta), o processo de se libertar dos condicionalismos da sua vida e fica preparado para uma nova forma de estar e ou ver esses mesmos, ou outros pelos quais irá substituir os seus antigos, valores, explicações, acções, conceitos e realizações."
Caro M.A,
O grau de desenvolvimento que descreves aproxima-se em muito ao estado Búdico. Portanto, os seres que atingem tal estágio estariam aptos a adentrar as portas do templo. Mas...com qual objetivo se um dos primordiais já está consumado? De que vale a caminhada para os que já são o caminho? Onde estariam as pedras brutas diante destas pedras polidas? Seria a Maçonaria um porto para avatares?
@Nuno Raimundo;
ResponderEliminarAntes de mais quero desde já deixar claro que esta não foi de forma alguma a minha intenção inicial, pois o meu comentário foi apenas uma “profana” exposição do meu pensamento e não uma forma de ter qualquer outro comentário a essa mesma exposição.
No entanto pelo respeito que todos aqueles que de bem e por bem comentam e ou apresentam questões face aos meus comentários, não posso deixar de responder ao Jocelino Neto, deixando por isso um pedido de desculpa formal por estar a utilizar o seu espaço para tal.
@Jocelino Neto;
Agora que já pedi desculpas ao Autor e responsável por mais um espaço de troca de ideias, gostaria de responder, de acordo com o meu grosseiro ponto de vista “profano” a algumas das suas questões.
Atenção que em parte alguma, nas minhas respostas eu pretendo ter como base a razão, todas as respostas são tão e somente baseadas nas minhas convicções e fundamentados nos princípios que me deram ao longo de muitos 30 e tal anos quase 40.
P.: Jocelino Neto:
O grau de desenvolvimento que descreves aproxima-se em muito ao estado Búdico.
R.: M.A.:
Concordo com a sua afirmação, mas tal como diz “aproxima-se”, ainda não é, e para tal muito trabalho e pedra à que “brunir” a “pedra” “bruta” que existe em cada um de nós, mesmo que o caminho já tenha sido iniciado.
P.: Jocelino Neto:
Portanto, os seres que atingem tal estágio estariam aptos a adentrar as portas do templo. Mas...com qual objetivo se um dos primordiais já está consumado?
R.: M.A.:
Com o mesmo de todos os outros. A busca da perfeição continua e com o grande objectivo de continuar a crescer e evoluir como “Homem Livre”, garantindo com este continuar do “polir” permanente da “pedra”” bruta”, que sempre existe em cada um de nós, pois a primeira fase do trabalho de cada um de nós, Maçom ou não Maçom, só termina quando esta caminhada termina, de acordo com uma configuração a que chamamos “vida”e se inicia uma segunda fase, para quem como eu acredita, junto de aquele que é o criador de tudo e pelo qual faz sentido buscar o caminho de tentativa de encontro (para mim Deus). E como diz “um dos primordiais já está consumado”, Jocelino “um dos…” e os outros? Paramos pelo facto de termos atingido apenas um dos? Eu foi ensinado a tentar sempre encontrar todo aquilo a que me predisponho fazer, para que aquando a tarefa estiver concluída se possa iniciar uma outra, resultante das dificuldades, questões, caminhos que tivemos que tomar para concluir a etapa / trabalho a que nos propusemos.
P.: Jocelino Neto:
De que vale a caminhada para os que já são o caminho?
R.: M.A.:
Ser o caminho é um objectivo, definir-se como”o caminho” é algo muito maior que muito poucos poderão algum dia dizer, por isso até ser o caminho à que continuar sempre com a caminhada.
P.: Jocelino Neto:
Onde estariam as pedras brutas diante destas pedras polidas?
R.: M.A.:
A “pedra” mesmo depois de “polida” pode e deve ser sempre trabalhada, para manter o seu brilho e graciosidade “beleza”, ou não fosse o “belo” também um ponto importante na Arte Real, certo? (deixo a pergunta para quem na Arte Real e da Arte Real tem conhecimento, pois eu falo e escrevo apenas como um profano).
Quando o “Homem”se considera já detentor de todo o “conhecimento”, da “perfeição”e da “beleza”, é urgente que rapidamente acorde e tenha consciência da sua pequenez e das suas limitações, pois sem passo contínuo, na dura caminhada, que todos nós temos que fazer, rapidamente paramos no tempo, no raciocínio e tornamos mesquinhos, pequeninos e ridículos, perante o conhecimento e trabalho de todos aqueles que continuam o seu caminho na busca da perfeição.
Bem-haja que como bem e repartindo o bem está nesta caminhada.
Aproveito para clarificar uma situação.
ResponderEliminarA Maçonaria não pretende ter entre si,ou não faz condição de adesão,ter Homens Perfeitos. Pretende sim, ter Homens que busquem a Perfeição. O que apesar de parecido, é "diferente".
Numa sociedade utópica, todos seriamos Maçons, uma vez que os pressupostos e virtudes maçónicas estariam cumpridos por parte de todos nós.
Mas como vivemos num mundo real, e não utópico, a Maçonaria quer através dos seus métodos de trabalho, criar as condições para que o Homem evolua. E para alguém evoluir, ele não pode estar já num patamar final, (aqui refiro-me ao tal estado búdico ou nirvânico que o Jocelino mencionou). Tem sim o candidato e depois neófito, de estar num patamar que lhe permita evoluir gradualmente até ao estadio final ( búdico, neste caso).
PS1: Apenas quis com o meu comentário clarificar um conceito que de outra forma poderia estar a causar confusão.
PS2: O debate interno na Cx de Comentários é bem vindo sempre. Desde que seja respeitoso ( principalmente) e que acima de tudo traga informação aos seus intervenientes, por forma a que possam partilhar os seus conhecimentos com s demais (ninguém sabe sempre tudo), bem como para clarificar qualquer posição/opinião sobre determinada matéria em análise.
;)
Abraços aos 2.
Caros Nuno e M.A,
ResponderEliminarÉ com sincera satisfação que recebo vossas "luzes". Agradeço a atenção, paciência e tolerância diante de meus rasos questionamentos. Por vezes, meu atual período de estadia neste orbe (também sou um profano em seus "30 e tal anos") é contradito por minhas limitações. O caminho dantes seguro torna-se denso, pantanoso. E neste ponto, ao se procurar apoio, as mãos encontram apenas o vazio. E a alma torpe, agoniza.
Bem-hajam os que encontraram a verdadeira fraternidade. Emociona-me profundamente os que lucidamente a escolheram. E por ela foram escolhidos.
Sintam-se respeitosamente abraçados Nuno e M.A.
À Glória do Grande Arquiteto.