quinta-feira, 14 de abril de 2011

Livres e de Bons Costumes...

A obrigatoriedade de um candidato a Maçon (e posteriormente, continuar a …) ser livre e de bons costumes, remonta à época da fundação da Maçonaria Especulativa, no século XVIII, época do Iluminismo. Essa mesma obrigatoriedade é um dos Landmarks que regem a nossa Augusta Ordem e na sua observância e cumprimento dos mesmos, garante a Regularidade Maçónica à nossa Muito Respeitável Obediência (GLLP/GLRP).
  Quanto à premissa de ser-se livre”, deve-se ao fato de à época, ainda existir a escravatura em vários locais do globo e como tal, para se ser iniciado era necessário ser-se “livre”, isto é, não ser “pertença de ninguém”. É claro que hoje em dia, essa obrigatoriedade não se põe, apenas se mantém essa premissa devido ao enorme simbolismo que a mesma acarreta. Porque hoje em dia todos somos pessoas livres. Só não o é quem se encontrar detido devido ao cumprimento de penalização criminal, e se encontrar-se nessa condição, logo não será iniciado.
Também quando se diz que o candidato deve ser livre, ele deve ser livre de dogmas e ter uma mente aberta. Livre de dogmas porque lhe permite discutir, debater; e ter a mente aberta, porque isso lhe proporcionará a interpretação da vasta simbologia inerente à Maçonaria.
  Em Maçonaria, costuma-se dizer que se deseja um “Homem Livre”, pois é do entendimento da Ordem, que o homem não deve estar submetido a vícios e paixões tais, que o prejudiquem ou condicionem a sua própria vontade; sendo que por isso mesmo, um dos trabalhos do Maçon, é “vencer as suas paixões…”.
  E essa submissão da vontade, é apenas a vontade de aprender, de se tornar melhor pessoa, seguindo os costumes e preceitos da Arte Real. Em nada lhe é retirada a sua liberdade ou condicionada a sua opinião.


  Mas também como livre se poderá entender por alguém que se consegue sustentar, que consegue cumprir com as despesas habituais em Maçonaria, com ações de solidariedade e caridade, tronco da viúva, com quotas e paramentos, etc, sem com isso prejudicar o sustento da sua família. Por isso livre, de liberto de condicionalismos financeiros que prejudiquem ou penalizem a sua família pelo fato de ser Maçon.
   Os “bons costumes”, são (quase) como uma obrigação para se viver em liberdade e cidadania na nossa Sociedade. Logo, a Maçonaria que se quer como uma instituição que atua na Sociedade Civil, através dos bons exemplos de conduta dos seus membros, aproveita e exalta a sua moralização de costumes.
Sendo que por “bons costumes” entendamos a observância e cumprimento de bons princípios e preceitos morais e sociais, boa retidão da conduta pessoal, o respeito e a tolerância pelo próximo e pelas suas ideias, o respeito pela Família, ser um bom trabalhador….
Enfim, tudo o que se quer como características pertencentes a um “Homem Bom”.
E à Maçonaria interessa ter nas suas fileiras homens assim“livres e de bons costumes”, os outros são dispensáveis…

11 comentários:

  1. @Nuno;

    Gostei da sua explicação sobre alguns itens/pontos obrigatórios para a integração de um “profano” na Maçonaria.

    Como profano não contesto qualquer uma das suas explicações, pois para tal e sobre tal não tenho qualquer outro conhecimento, mas neste caso gostaria de sobre um dos pontos aplicar outra explicação, a minha, que repito é a de um “profano”(alguém que está fora da Maçonaria), e que creio ser também uma regra da Maçonaria, que é a livre interpretação da simbologia / terminologia por cada individuo.

    Assim e sobre o ponto de uma candidato ter que” ser um homem livre” prefiro a definição de Descartes em que a liberdade, acto exercido por quem é livre, é uma, sito:

    “ausência de necessidade externa ou de qualquer força alheia à subjectividade racional do homem. Sem que o princípio da conservação do movimento seja violado, a alma, unida ao corpo pela glândula pineal, pode dirigir os movimentos dessa glândula, de modo a influir sobre o comportamento do corpo. Como as paixões são estado da alma, infligidos pelo corpo, a sabedoria só poderá ser atingida pelo progressivo domínio que sobre elas exerçam a alma racional e o livre arbítrio, pelo qual o homem é exclusivamente responsável pelo seu destino.”

    Ou seja, passo a interpretar, de forma muito grosseira e curta:

    O homem livre é aquele que se consegue libertar de todos os pré-conceitos e conceitos, que lhe foram incorporados durante a sua formação/educação, e tem a capacidade de abrir a mente para novos valores, explicações, acções, conceitos e realizações que até ao momento em que, com eles é confrontado, não tinha conhecimento, ou seja, é aquele que consegue fazer, para mim (mais uma vez de forma grosseira e curta), o processo de se libertar dos condicionalismos da sua vida e fica preparado para uma nova forma de estar e ou ver esses mesmos, ou outros pelos quais irá substituir os seus antigos, valores, explicações, acções, conceitos e realizações.

    Que mais será do que a verdadeira capacidade de “morrer” e “renascer” sem para e que por isso se tenha que libertar do corpo físico a que está ligado.

    No que se refere aos “bons costumes” gosto mais da definição:

    “Por bons costumes entende-se um conjunto de regras, de práticas de vida, que, num dado meio e certo momento, as pessoas honestas, correctas e de boa fé aceitam comummente.”

    Fonte: http://www.verbojuridico.com/doutrina/civil/civil_ordempublicabonscostumes.pdf

    Nuno espero que não leve a mal esta minha intervenção, pois como alguém (que ambos conhecemos) um dia me disse “estamos a dizer a mesma coisa, apenas de forma diferente”.

    Essa é, creio (pois mais nada posso fazer senão crer, com base no que li, ouvi e tenho tentado aprender, como “profano), uma das mais-valias do livre arbítrio, na interpretação, que a Maçonaria promove e incentiva junto de quem é aceite no seu seio, ou não fosse o processo de busca da perfeição um processo individual e de realização pessoal, apesar de poder e dever de ser aplicado em prol do grupo / sociedade, em que o Maçom está inserido.

    Atenção tudo isto, repito, são divagações de um simples e mero “profano”.

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  2. Boas M.A. ...

    Agradeço o comentário, e posso dizer que concordo com o que contrapôs.
    É claro que não levo a mal o seu comentário ou outros que no futuro possa fazer, mesmo que eles não sejam concordantes com a minha opinião.

    Essa é também uma das liberdades que aqui se tem, a de comentar o que aqui é escrito.
    O que eu agradeço que o façam.
    Pois permite-me através das opiniões, sejam quais forem, me mostrar outras realidades que não a minha. E isso é importante na formação do Ser Humano.
    Ver,Escutar e Opinar, são das maiores conquistas que a Liberdade propocionou ao Homem, quando ele é "livre" e vive em sã convivência e cidadania com os demais, ( os tãos chamados "bons costumes").
    :)

    Abraços

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  3. Boas Daniel...

    Espero que com textos destes ajude a mudar a mentalidade e a forma de como é vista a Maçonaria em Portugal. De facto ainda há um longo e árduo caminho a percorrer, mas devagarinho lá chegarei...
    :)

    Abraços

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  4. Viva Nuno
    O meu contributo ao comentar o seu post tem como objectivo único avivar 3 pontos que considero fundamentais, para alem dos que apontou, mas que não são requisitos exclusivos da Maçonaria, tão pouco a L, I e Fraternidade!
    Mas o que tem a Maçonaria, para além de gente boa, são Obreiros que abraçaram uma filosofia de vida iniciática, que se libertaram dos conceitos de vida adquiridos como certos e que como livres, procuram a Luz que lhes mostrará a sua própria Pedra. Isto só se consegue vivenciando e trilhando o caminho pela sabedoria, força e beleza. Portanto, a maçonaria não é para uma qualquer boa pessoa!
    Quem não consegue “ver”… os sinais são sinalética e o Templo uma qualquer igreja!
    Comentando a visão de profanos, apenas acrescento que para sentimentos destes não há palavras disponíveis para os definir… também nós procuramos a Palavra Perdida.
    Abraço Fraterno

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  5. Boas Candido....

    O Candido afirma "...mas que não são requisitos exclusivos da Maçonaria, tão pouco a L, I e Fraternidade!"
    Ainda bem que assim não o é apenas. Esses são valores que devem estar incutidos na Sociedade em que vivemos. A Maçonaria apenas procura exaltá-los.

    Quanto à Palavra Perdida, essa já foi perdida há muito, e há muitos como eu, que a ainda andamos a procurar... :)
    Abraços

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  6. Este comentário foi removido pelo autor.

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  7. Jocelino Neto disse...
    "O homem livre é aquele que se consegue libertar de todos os pré-conceitos e conceitos, que lhe foram incorporados durante a sua formação/educação, e tem a capacidade de abrir a mente para novos valores, explicações, acções, conceitos e realizações que até ao momento em que, com eles é confrontado, não tinha conhecimento, ou seja, é aquele que consegue fazer, para mim (mais uma vez de forma grosseira e curta), o processo de se libertar dos condicionalismos da sua vida e fica preparado para uma nova forma de estar e ou ver esses mesmos, ou outros pelos quais irá substituir os seus antigos, valores, explicações, acções, conceitos e realizações."

    Caro M.A,

    O grau de desenvolvimento que descreves aproxima-se em muito ao estado Búdico. Portanto, os seres que atingem tal estágio estariam aptos a adentrar as portas do templo. Mas...com qual objetivo se um dos primordiais já está consumado? De que vale a caminhada para os que já são o caminho? Onde estariam as pedras brutas diante destas pedras polidas? Seria a Maçonaria um porto para avatares?

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  8. @Nuno Raimundo;

    Antes de mais quero desde já deixar claro que esta não foi de forma alguma a minha intenção inicial, pois o meu comentário foi apenas uma “profana” exposição do meu pensamento e não uma forma de ter qualquer outro comentário a essa mesma exposição.

    No entanto pelo respeito que todos aqueles que de bem e por bem comentam e ou apresentam questões face aos meus comentários, não posso deixar de responder ao Jocelino Neto, deixando por isso um pedido de desculpa formal por estar a utilizar o seu espaço para tal.

    @Jocelino Neto;

    Agora que já pedi desculpas ao Autor e responsável por mais um espaço de troca de ideias, gostaria de responder, de acordo com o meu grosseiro ponto de vista “profano” a algumas das suas questões.

    Atenção que em parte alguma, nas minhas respostas eu pretendo ter como base a razão, todas as respostas são tão e somente baseadas nas minhas convicções e fundamentados nos princípios que me deram ao longo de muitos 30 e tal anos quase 40.

    P.: Jocelino Neto:
    O grau de desenvolvimento que descreves aproxima-se em muito ao estado Búdico.

    R.: M.A.:
    Concordo com a sua afirmação, mas tal como diz “aproxima-se”, ainda não é, e para tal muito trabalho e pedra à que “brunir” a “pedra” “bruta” que existe em cada um de nós, mesmo que o caminho já tenha sido iniciado.

    P.: Jocelino Neto:
    Portanto, os seres que atingem tal estágio estariam aptos a adentrar as portas do templo. Mas...com qual objetivo se um dos primordiais já está consumado?

    R.: M.A.:
    Com o mesmo de todos os outros. A busca da perfeição continua e com o grande objectivo de continuar a crescer e evoluir como “Homem Livre”, garantindo com este continuar do “polir” permanente da “pedra”” bruta”, que sempre existe em cada um de nós, pois a primeira fase do trabalho de cada um de nós, Maçom ou não Maçom, só termina quando esta caminhada termina, de acordo com uma configuração a que chamamos “vida”e se inicia uma segunda fase, para quem como eu acredita, junto de aquele que é o criador de tudo e pelo qual faz sentido buscar o caminho de tentativa de encontro (para mim Deus). E como diz “um dos primordiais já está consumado”, Jocelino “um dos…” e os outros? Paramos pelo facto de termos atingido apenas um dos? Eu foi ensinado a tentar sempre encontrar todo aquilo a que me predisponho fazer, para que aquando a tarefa estiver concluída se possa iniciar uma outra, resultante das dificuldades, questões, caminhos que tivemos que tomar para concluir a etapa / trabalho a que nos propusemos.

    P.: Jocelino Neto:
    De que vale a caminhada para os que já são o caminho?

    R.: M.A.:
    Ser o caminho é um objectivo, definir-se como”o caminho” é algo muito maior que muito poucos poderão algum dia dizer, por isso até ser o caminho à que continuar sempre com a caminhada.

    P.: Jocelino Neto:
    Onde estariam as pedras brutas diante destas pedras polidas?

    R.: M.A.:
    A “pedra” mesmo depois de “polida” pode e deve ser sempre trabalhada, para manter o seu brilho e graciosidade “beleza”, ou não fosse o “belo” também um ponto importante na Arte Real, certo? (deixo a pergunta para quem na Arte Real e da Arte Real tem conhecimento, pois eu falo e escrevo apenas como um profano).

    Quando o “Homem”se considera já detentor de todo o “conhecimento”, da “perfeição”e da “beleza”, é urgente que rapidamente acorde e tenha consciência da sua pequenez e das suas limitações, pois sem passo contínuo, na dura caminhada, que todos nós temos que fazer, rapidamente paramos no tempo, no raciocínio e tornamos mesquinhos, pequeninos e ridículos, perante o conhecimento e trabalho de todos aqueles que continuam o seu caminho na busca da perfeição.

    Bem-haja que como bem e repartindo o bem está nesta caminhada.

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  9. Aproveito para clarificar uma situação.

    A Maçonaria não pretende ter entre si,ou não faz condição de adesão,ter Homens Perfeitos. Pretende sim, ter Homens que busquem a Perfeição. O que apesar de parecido, é "diferente".
    Numa sociedade utópica, todos seriamos Maçons, uma vez que os pressupostos e virtudes maçónicas estariam cumpridos por parte de todos nós.
    Mas como vivemos num mundo real, e não utópico, a Maçonaria quer através dos seus métodos de trabalho, criar as condições para que o Homem evolua. E para alguém evoluir, ele não pode estar já num patamar final, (aqui refiro-me ao tal estado búdico ou nirvânico que o Jocelino mencionou). Tem sim o candidato e depois neófito, de estar num patamar que lhe permita evoluir gradualmente até ao estadio final ( búdico, neste caso).

    PS1: Apenas quis com o meu comentário clarificar um conceito que de outra forma poderia estar a causar confusão.

    PS2: O debate interno na Cx de Comentários é bem vindo sempre. Desde que seja respeitoso ( principalmente) e que acima de tudo traga informação aos seus intervenientes, por forma a que possam partilhar os seus conhecimentos com s demais (ninguém sabe sempre tudo), bem como para clarificar qualquer posição/opinião sobre determinada matéria em análise.

    ;)


    Abraços aos 2.

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  10. Caros Nuno e M.A,

    É com sincera satisfação que recebo vossas "luzes". Agradeço a atenção, paciência e tolerância diante de meus rasos questionamentos. Por vezes, meu atual período de estadia neste orbe (também sou um profano em seus "30 e tal anos") é contradito por minhas limitações. O caminho dantes seguro torna-se denso, pantanoso. E neste ponto, ao se procurar apoio, as mãos encontram apenas o vazio. E a alma torpe, agoniza.

    Bem-hajam os que encontraram a verdadeira fraternidade. Emociona-me profundamente os que lucidamente a escolheram. E por ela foram escolhidos.

    Sintam-se respeitosamente abraçados Nuno e M.A.

    À Glória do Grande Arquiteto.

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